segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Argentina - Parte 1 - Frey

Argentina, Bariloche, Frey





Por do sol do Lago Gutierrez



A Argentina está sendo uma otima opçao para os brazucas, com 1 real valendo 2 pesos, a trip fica bem economica, além da indiscutivel qualidade das escaladas.


Cheguei em Bariloche no dia 12 de dezembro, após agilizar os suprimentos, subi para o refugio El Frey, local manerissimo mesmo, astral demais!

Hoje, dia 28 estou em Bariloche novamente e indo para Chalten, prometo que assim que voltar para o Brasil posto uma materia com dicas e com mais detalhes da trip.

Enquanto isso, algumas fotinhos maneiras da trip.

Boas escaladas

Bruno
























terça-feira, 13 de outubro de 2009

Descaracterização de via na Falésia Vista Áerea

Galera,

Infelizmente venho postar essa notícia lamentável para a ética e desenvolvimento do esporte, mas que é necessário pois há algum tempo está sendo discutido esse assunto mais a fundo, por diferentes pessoas e em diferentes regiões, em especial na região de São Bento do Sapucaí.
O conceito do direito autoral e da pluralidade de estilos, são os termos que foram mais levantados, em diferentes listas de discussões, por diferentes escaladores, que conhecem o termo e a definição ao "pé-da-letra" mas que na hora da verdade, simplesmente ignoram o que defendem para fazer valer seus egos inflados e seu "umbigo gordo".
Bem, vamos aos fatos:
No ano de 2001, eu, o Ralf Cortês e o Filipo, estavamos todos hospedados no alojamento do sr. Eliseu Frechou, em São Bento do Sapucaí.
O Ralf, estava na pilha de abrir umas vias no estilo clean climb, seguindo a tendencia de escalada inglesa, logo disse para ele: sei onde podemos abrir essas vias e fomos para a parede da esquerda da Falésia Vista Áerea - Gonçalves, MG.
Chegando lá, em 1 dia, abrimos 4 vias novas, sem bater uma chapa sequer, entre elas a via Bruxa de Abril, 2001, Rampão e Variante.
Vias estas publicadas no Fator 2 (assim que encontrar a matéria, vou posta-la aqui) e no Guia de Escaladas da Região (autoria do sr. Eliseu Frechou).
Para o meu espanto em matéria publicada no dia 29/07/2009 - Novas Vias na Vista Áerea, no site: http://espnbrasil.terra.com.br/eliseufrechou/, me deparo e reconheço o traçado da linha que já haviamos escalado, com o sr. Eliseu, "conquistando" e alterando as caracteristicas originais da via conquistada em clean climb.
Estive fora do país a trabalho neste periodo, mas sempre com essa pulga atras da orelha, quando voltei novamente a São Bento do Sapucaí, fui verificar esse fato com meus proprios olhos, quando constato na mesma linha que haviamos escalado em 2001, uma chapa reluzente, no crux da linha (E4). Uma mistura de ódio, descrença e revolta me contaminaram na hora, além da repugnação de terem descaracterizado uma linha conquistada no melhor estilo tradicional possível.
Movido por essa junção de sentimentos, entrei na rota para avaliar mais de perto, cheguei até a chapeleta que havia sido colocada, olhei ao seu redor, nada de furos de cliffs e tampouco agarras, o que me levou a concluir que a chapeleta foi adicionada em top-rope ainda; sem muito esforço, tiro a chapeleta na hora, pois estava mal apertada e deixo novamente a via em suas características originais de conquista.
Lamentável esse fato, ainda mais depois dos episodios de ataques pessoais que aconteceram na região, pode-se perceber com esse fato que muitas pessoas que se auto intitulam como melhores do país, como "xerifes" do local, não aceitam novas expressões, novas tendencias de escaladores para o local. Estes tipos, agem de acordo com suas cabeças, distorcendo a etica da comunidade e contribuindo para morosidade do esporte e para a sua involução!!!!
Para mim este fato está encerrado, a via já está com suas caracteristicas originais, só estou postando para informar a todos da comunidade sobre as pessoas que dizem: "Eu sou o cara", pois assim como São Bento está passando por essa transição, outros points passaram por essa mesma dinâmica e enfrentarão acontecimentos parecidos.
Desse modo alerto a todos: antes de conquistar ou equipar uma via, consulte os guias de escalada disponíveis, os escaladores ativos no local, para evitar "equivocos" como o antecido na Vista Áerea.
Boas escaladas
Bruno

domingo, 4 de outubro de 2009

Rio de Janeiro - Tragados pelo tempo

Eu, o Sílvio e o Daniel fomos conferir a linha Tragados pelo Tempo no corcovado no fim de agosto desse ano (2009).





Após 1 semana sem chuvas, vejam a situação da via, rs...


Sílvio, o "Coisinha" na 4° enfiada(A3)

Linda e umida a face sul do Corcovado. Otima rocha, solida e aderente, mas para este ano de El Niño e muitas chuvas, a parede fica muito molhada, escorrendo água permanentemente. Os heads estavam todos podres, dificultando e diminuindo as opções para novas colocações, recomendo para as próximas repetições retirar os heads que usarem, assim como fizemos.
Eu, jumareando no início do dia para encarar a 5 cordada, o teto.

Mas a fissura era grande, tocamos para cima, lentamente, batendo heads no musgo e constantemente molhados.
A primeira cordada molhada, variante da conquista (A3+) me consumiu 6 horas de muita paciencia e sintonia com os equipos.
Durmimos a 1° noite nos ledges em P3 e a 2° noite em P6. Devido a nossa demora nas cordadas, no 3° dia estava guiando a 7 cordada, com o final muito sujo para chegar ao plato, no final da cordada, após procurar muito a p7, subir em moitas de capim, fazer diagonais, não encontrei a parada. Conversei com o Daniel e Coisinha e devido estarmos no 3° dia (domingo), faltando ainda 6 cordadas pro cume e a necessidade de trabalhar no dia seguinte, resolvemos descer pela linha de rapel que existe da P6.
Apesar de não termos terminado a via, a curtição foi geral, e a vontade de voltar aumenta a cada momento.
Daniel, na P5

Valeu Daniel e Coisinha!!! Eh noix!!!!

sábado, 25 de julho de 2009

Paleto de Madeira

Ae galera,

segue o croqui da Mal Falada Paleto de Madeira....
via pirata na Pedra do Baú, ainda sem repetição, aguardando para a confirmação do grau A3+ moderno????



Quem quiser mais informações é so entrar em contato, passo os betas das cordadas....

boas escaladas


Em Breve mais um point, Aguardem!!!!!

Eu, na conquista do crux da via Terra de Bananas - 5°sup VIIb A0(8b) E3 - 180 mts

Eu, na conquista do Diedro da Dragão Chines (VIIIa) - 50 mts "no chapas"



Eu, na conquista da via: "Se meu fusca escalasse" (VIIa)


Clean Climbing: Evolução x Pluralidade de estilo

Clean Climbing é um conceito relativamente novo na escalada, tendo raízes em alguns locais emblemáticos e conhecidos dos escaladores, entre os principais destacam-se: As agulhas de Arenito na região entre Alemanha e Republica Theca; nos Grit Stones da Inglaterra e no vale do Yosemite.
Trata-se de um estilo de escalada ultramoderno, a interação escalador e meio ambiente é máxima, protege-se, em grande parte dos casos, apenas onde a erosão agiu ao longo dos períodos geológicos, fato este que possibilitou o surgimento da escalada em rocha, pois inúmeros registros das primeiras ascensões em montanhas virgens se deram primeiramente utilizando-se sistemas de chaminé e fissuras nas paredes.
No entanto, o homem moderno desde a revolução industrial tem a tendência em criar mecanismos para auxiliar e em muitos casos facilitar o cotidiano, minimizando esforços e riscos inerentes as atividades desempenhadas. Não se pode negar que as inovações tecnológicas possibilitaram em muitos casos a evolução do homem, o descobrimento de novas fronteiras, conquistas de novos locais, mas e o custo ambiental, ou melhor, como os economistas dizem as externalidades, foram consideradas? É nítido que não! Vê-se o exemplo da utilização de combustíveis fósseis há séculos sem qualquer preocupação com as emissões de Gases do Efeito Estufa, fato este que está gerando um desequilíbrio climático perceptível a todos nós e que tende a se agravar.
Voltando ao ambiente de montanha, as inovações tecnológicas surgiram, com o advento das proteções móveis, principalmente Friends e de proteções fixas (chapeletas e grampos P’s), possibilitando ascensões em faces nunca antes escaladas, com sistemas de fendas ou não.
No Brasil, a utilização de equipamentos móveis é algo recente, nas décadas de 70,80 e 90 apenas alguns poucos escaladores possuíam acesso a este tipo de equipamento e os que não possuíam, mas que se simpatizava com o conceito Clean Climbing, fabricava seus próprios equipamentos suas próprias peças.
Em determinados locais, onde se oferecia possibilidades de colocações através de fissuras foram feitas as primeiras ascensões sem a utilização de equipamentos móveis, isto nas décadas de 70 e 80 principalmente com a utilização de proteções fixas. A realidade da época era totalmente diferente da existente hoje, não existia a infinidade de proteções móveis existentes atualmente, portanto não se podem criticar os conquistadores pela opção tomada há 20-30 anos e sim agradecê-los pela iniciativa da conquista e pela contribuição ao esporte.
Recentemente, na região de São Bento do Sapucaí, em especial a Fissura Chove e não Molha antiga conquista do CAP do inicio da década de 80 foi palco de polêmica. Esta linda fenda foi grampeada na sua primeira ascensão, apesar da possibilidade em realizá-la totalmente em móveis, ok! Como já explicado anteriormente, outra época, outros pensamentos, seus conquistadores serão eternamente lembrados pela primeira ascensão na rota.
No entanto a polêmica consistia do fato em regrampea-la ou não. Eu sempre fui contra as suas chapeletas velhas e quando fui questionado a respeito desse fato, expressei a minha opinião, disse que era preferível manter as proteções fixas velhas (pelo fato histórico) do que retirá-las e colocar novas proteções fixas, grande parte dos escaladores tinham consciência de que as proteções fixas não agüentariam quedas e todos escalavam a via utilizando proteções móveis.
Foi quando para o meu espanto, a via em um belo dia estava regrampeada pela iniciativa de alguns escaladores, sem nenhuma consulta ao restante da comunidade, sem ter ocorrido qualquer discussão a respeito desse fato e o maior agravante, sem ter sido consultado os conquistadores da rota, foi lamentável o ocorrido. Além de que a regrampeação ocorreu em locais diferentes das antigas proteções.
Bem, aconteceu o seminário de mínimo impacto na região da Pedra do Baú, por expressar minha opinião fui fortemente criticado pelas mesmas forças que regrampearam a rota, triste este fato, pois estas mesmas críticas saíram do campo do montanhismo e tinham o cunho pessoal!
Resolveram então consultar os conquistadores de fato da rota para escutar as suas opiniões e, infelizmente, pediram que fosse mantido as características originais da via, "putz", mas e a evolução do esporte, como fica? Segundo, especialistas no assunto, é preferível que o direito autoral da via seja respeitado... algo no mínimo questionável!
Bem, voltando à história dos adventos tecnológicos criados pelo homem, as chapeletas e proteções fixas são sem dúvida alguma imprescindíveis para a ascensão em diversos lugares, assim como a queima de combustíveis fósseis em alguns processos inerentes a sobrevivência do homem. Mas se o ritmo de utilização insustentável dos derivados de petróleo se manter, em menos de 100 anos a temperatura do planeta Terra irá subir 7°C, fato este que será suficiente para acabar com grande parte da população mundial e alterar em muito o estilo de vida do homem moderno.
E a utilização de chapeletas irão perguntar o que tem a ver com o clima? Realmente, nada, apenas quero demonstrar que atitudes tomadas no passado por mais importante que tenham sido para a evolução humana, não podem ser tomadas novamente com o risco de extinção da nossa raça. Desse modo, utilizar novamente proteções fixas onde existe a possibilidade de colocações móveis, não é uma atitude que contribui para a evolução do esporte, tampouco, para a filosofia do clean climbing que muitos dizem ser seguidores, mas apenas com palavras e não com atitudes.
Assim sendo, vale a pena utilizar o conceito do direito autoral para estes casos? Eu, particularmente, creio que não! Acho que este fato deveria ter sido amplamente discutido pela comunidade, com calma e da melhor maneira possível; não “a toque de caixa” para chegar a uma conclusão precipitada e demonstrar os resultados obtidos e sem a anuência dos principais freqüentadores da rota.
Muitos dizem que a pluralidade de estilos deve sobressair, concordo, todos possuem seu espaço, deve haver chances a todos para a escalada. Mas e o custo dessa pluralidade? É diminuir as opções de clean climb do local?
Bem, a meu ver esta discussão não houve ganhadores e sim perdedores, como a Escalada Limpa, esta sim perdeu em muito pela atitude tomada que vai contra as novas tendências mundiais. Devemos voltar as nossas raízes, contribuindo localmente para um mundo sustentável com atitudes novas que tragam benefícios éticos para o nosso esporte, não estou propondo o banimento das proteções fixas e sim a sua utilização correta.
Portanto antes de bater uma chapeleta onde existe a possibilidade de colocações móveis, pense a respeito!

Boas escaladas!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sombra e Escuridão

Após termos iniciado esta via 3 anos atrás, fomos eu e o Braga terminar esta conquista.
Haviamos conquistado 2 cordadas na primeira investida e pelos nossos cálculos mais 2 enfiadas estariamos no cume.


1° Cordada:

Esportivo de parede, sai da base fazendo alguns lances de 7°a e chega no 1°P da cordada, as agarras diminuem, mas com equilíbrio e usando a sapa da maneira correta, alcança o 2° e 3° P's da cordada, desse grampo, segue sentindo a um pequeno plato onde após domina-lo, protege-se com um camalot #0.75 na fenda da direita (importante usar costura grande) antes de fazer a travessia para o 4° P da cordada, protege ele e segue tendendo para a esquerda até alcançar o 5°P da cordada. A partir da quinta proteção fixa, o grau em livre sobe consideravelmente, sendo um possível 9°a, o qual pode ser feito em artificial de cliffs de agarra e buracos (A0).


2° Cordada:

Sai da base e logo protege-se em um móvel, segue sentido cresta oeste do Baú, protege em 1 chapa e mantem-se na cresta, após proteger em uma fenda horizontal, segue tendendo para esquerda sentido pequena arvore e plato, desviando da vegetação existente na parede, passa a base de rapel na beira do plato e toca para a face Sul do Baú, onde tem a P2 mista abaixo da fenda que atravessa o teto.



3° Cordada:

Fenda linda e sólida, com muitas colocações boas A2 e com forte possibilidade de ser feita em livre, algo em torno de 9°b/c, após a fenda sai em 4 furos de cliff até a 2° chapa da cordada. Dessa chapa segue por balcões e agarras abaoladas (VIIa/b) até a base, onde literalmente o vento faz a curva no Baú.


4° Cordada:

Bonita, exigente e com lances emocionantes ao melhor estilo da escalada em aventura, lembrando muito algumas cordadas do Garrafão.
Esta cordada foi conquistada sem batedor, o que haviamos levado havia nos deixado na mão, levamos a furadeira, com a bateria possuindo autonomia de 6 furos de 10mm, após a 6° chapa batida e sem possibilidades de bater mais nada, faltando ainda uns 15 mts pro cume, mirei uma canaleta de mato que possivelmente levaria para algumas árvores do cume, com sorte consegui proteger na canaleta e quando a corda já estava acabando cheguei em uma árvore que fixei a corda para o Braga subir.


Semana de Escaladas

Esta semana após um longo periodo de trabalho, conquistando novas vias na região, o Junior veio para São Bento do Sapucaí para escalarmos algumas rotas.

2° Feira:
Logo propus de entrarmos em uma nova via recem aberta pelo Renatinho e pelo Beto "Capacete" a via "Noia de Cão" e de linkarmos na Gregos e Troianos, na Learning to Fly, na Anormal e por fim na Pássaros, o que ficou bem interessante e foi muita curtição, foram ao todo 7 cordadas da base do Baú até o cume.
Quero parabenizar os conquistadores por essa conquista, ficou bem interessante e tem muito a agregar para o local onde foi aberta.
A via sai do chão e logo na 2° chapa tem o crux da via, creio ser um 7°a o lance e após alguns lances de equilibrio acessa uma fenda onde se protege muito bem com friends, é bom caprichar nas peças pois o esticão para a base é audacioso. Achei por alguns instantes que havia perdido a base e já estava mirando umas árvores para parar, mas, ufa, encontrei a base depois de mais de 10 metros de um IV grau sem possibilidades de colocação.
Fizemos uma pequena cordada para acessar o plato que sai a Gregos e Troianos, onde o Junior guiou a 1° enfiada, eu guiei a 2° até a base do diedro da Learning.
O Junior me deu a honra de guiar o diedro da Learning, havia me esquecido como legal ele é, fazia tempo que não entrava nele, estiquei até a base da Anormal a qual o Junior guiou tranquilamente.
Para finalizar, apesar do frio e do vento que incomodavam um pouco fizemos a Pássaros e felizmente chegamos ao cume sendo os unicos a contemplar o lindo dia de inverno que fazia na região.

3°Feira:
Tinha uma pendência em conhecer a Serra do Pedrão em Pedralva, aproveitando a parceria do Junior, propus fazermos a via clássica do local a Evolução.
Muito bacana a rota, inteira em proteções fixas, fizemos grande parte dela em simultâneo, com exceção da enfiada antes e depois do tal forninho.......e após muito calor na parede, chegamos ao cume literalmente cozidos pelo sol, haviamos optado em rapelar e após 7 rapéis de 50 mts estavamos na base da via.

4° Feira:
Descanso, descanso...... fomos tomar mate na cachoeira do Serrano e fazer uma visita ao Milton que serve o melhor chopp e cachaça da cidade, está em novo local (antigamente era conhecido como Bar Priscila) agora virou Bar do Milton na Rua de baixo da principal, local obrigatorio de parada após as escaladas........

5° Feira:
Previsão de chuva para este dia a noite, então fomos fazer uma força e gastar tudo que temos na Pedra da Divisa.
Entramos na Panico, Kalymaya, Quem Mandou não estudar e Comunista, após alguns meses sem ir a um setor esportivo a resistencia já não é a mesma.
Assim que escureceu veio a chuva fora de época novamente, tema este que irei abordar em breve no blog: " O Efeito e a consequencia das mudanças climáticas"

A Invasão do Sagaz Homem Fumaça

A Invasão do Sagaz Homem Fumaça D4 6° VIIb (A2) E3, 210m
Por: Bruno Matta e Rodrigo Vasconcellos “Braga”


Foi conquistada entre o final de Junho e inicio de Julho esta nova rota no Bauzinho, com 210 metros aproximados de extensão, ela apresenta lances audaciosos, exigentes, complexos e comprometedores divididos em 6 cordadas de pura emoção e diversão. É um prato cheio para quem gosta de escalada e aventura.
1° cordada:
Ela sai logo a esquerda do diedro inicial da Neurônios Fritos, em alguns lances de aderência e logo alguns metros do chão, você protege em uma chapa e manda um lance de equilíbrio (Vsup), alcança uma fissura na sua direita, protege bem com alguns móveis e após um esticão tranqüilo, chega na 2° chapa da via, logo abaixo de uma pequena barriga, antes de vira-la, você protege alto com um friend pequeno-médio e sai segurando em algumas ranhuras da rocha, protegendo da melhor maneira possível, toca para um pequeno diedro que tende para direita.
Neste mini diedro, protege-se razoavelmente bem e faz uma virada de outra barriga (VI) para a sua esquerda, protege novamente e sai tocando em sentido da 3° chapa da cordada. Após a 3° proteção fixa da cordada, estica sentido uma fissura que inicia na vertical e depois vai para a horizontal abaixo do platô de mato, protege-se bem nessa fissura e domina o platô em um lance de trepa mato.
2° cordada:
Esta cordada é cheia de surpresas, sai da base mista (grampo P e móveis) protegendo com alguns friends pequenos e ao domínar o batente (Vsup), protege-se com um offset e toca para a 1° chapa da cordada. Nesta chapa surge um lance de regletes bem interessante até depois da 2° chapa (VIIa), onde só dá uma aliviada quando você segura na laca.
Apesar da aparência e do barulho de oca, está super sólida, tendo sido bem testada na conquista, protege-se com uma nut grande e Power, entra em um lance bem delicado de equlíbrio e reglets (VIIb) até a 3° chapa da cordada. Faz um pequeno contorno de uma barriga pela esquerda e costura a 4° chapa da cordada, neste lance (VIIa) quem prestar a atenção nos pés da direita estará salvo e quando menos espera pega um buraco e protege com um camalot #1 a prova de bomba, vai tocando sentido fenda horizontal, assim que acessa a fissura a diversão começa, toca apenas em móveis até a base do grande diedro que cruza a parte inferior do teto do Bauzinho.

3° cordada:
Um presente para o complexo, 30 metros inteiros em móvel de tirar o fôlego, a qualidade da rocha dessa fenda horizontal que cruza o teto do Bauzinho na sua parte inferior é impressionante. Sai da base e protege muito bem no diedro, faz o crux da cordada, uma pequena travessia para a direita para alcançar a outra fenda (VI sup), assim que acessa essa fenda é pura curtição, rocha sólida e com possibilidades de colocações a cada instante, filé esta cordada.

4° cordada:
A qualidade da rocha é impressionante, com muitas possibilidades de colocações, domina uma pequena barriga em artificial com peças bombásticas, pega uma fenda uma diagonal para a direita e quando surge à possibilidade sai em cliffs de agarra e buracos, sentido fendão no teto. Antes de entrar no negativo do teto, protege em uma chapa.
Com muitas agarras e fendas sólidas, segue tocando no negativo até alcançar a 2° chapa da cordada, estando totalmente aéreo, segue pela fenda que cruza o teto, e assim que vira protege na 3° chapa da cordada, tocando em furos de cliffs até a P4. Esta enfiada apresenta muita possibilidade de ser feita em livre, um possível 9b/c, tendo sido os lances ensaiados, as proteções móveis são a prova de bomba e a negatividade da parede permite voar a vontade.

5° cordada:
Ainda na parte negativa da parede, sai da base e costura uma chapa, manda um lance com agarras solidas e levemente negativo (VIIa), protege a 2° chapa e domina um pequeno platô, protege-se a 3° chapa e a 4° em lances ainda delicados (VI) e toca sentido diedro. Este diedro é muito sólido e com ótimas colocações, é quase uma dádiva, tendo se mantido intocados nestes últimos anos, é bem visual e tranqüilo (V), segue nele até o platô de mato e um pouco antes de dominar o platô, desvia-se dos blocos soltos pela direita e chega na P5.
6° cordada:
Inteira em proteções móveis, sai da base e mira um diedro, logo acima (uns 20 mts), protege da melhor maneira possível até chegar nele e quando chega nele,só diversão com proteções a prova de bomba. Toca pro cume e quando chega à vegetação segue para a direita sentido base final da Neurônios a qual utilizamos para finalizar a esta nova via. Trocamos uma das proteções antigas de rebite por uma chapa com bolt.
Resultado melhor não podia ser esperado, 2 cordadas totalmente em móvel, uma cordada em artificial e as outras 3 cordadas mistas. Está pensando em entrar nela quando?

Boas escaladas

sábado, 27 de junho de 2009

Nova Via na Face Norte do Baú - Seu Madruga e os Chaves

Eu, arrumando o equipo após 1 dia de trampo

A escalada e, principalmente, o montanhismo paulista está passando por uma fase de transição e mudanças em seus conceitos, idéias e tendências. Desse modo a conquista de novas vias/ rotas de escalada sempre agregam positivamente para o desenvolvimento do esporte e dos seus praticantes, já que somente o aumento da diversidade de escaladas por diferentes escaladores poderá trazer o salto quântico que o nosso esporte necessita.
O Complexo do Baú trata-se da meca da escalada e do montanhismo paulista, através das suas faces verticais, negativas e positivas esconde-se uma caixinha de surpresas, com lindas linhas naturais de escalada juntamente com escaladas expostas, comprometidas, exigentes e principalmente inteligentes.
A face Norte do Baú, em especial, o local compreendido entre as via Distraídos Venceremos e a Chora Negão, pode ser considerado como novo campo escola de escaladas modernas e que reúne todas as características necessárias para o desenvolvimento do esporte e, principalmente, para as novas tendências que estão acontecendo na região da Mantiqueira Paulista.
Esta face de escaladas do Baú apresenta uma extensão de 100 a 150 metros de um granito escuro, lavado pelas chuvas, altamente aderente e sólido, com lacas que parecem que vão estourar e buracos nada óbvios para proteções móveis nada triviais, caracterizam grande parte das novas vias que estão surgindo no setor.
A 1° via do local é de 2003 e chama-se Bito Meyer, trata-se de uma via interessante com a utilização de bastante equipamento móvel; desde então esta Face foi pouco explorada e teve poucas ascensões, ficando mistificada pela comunidade como sendo uma face de Big Wall e rocha podre. Foi quando em 2008, abriu-se a Cães e Caravanas, uma linha super moderna com passagens de oitavo grau no meio da parede do Baú, marcando o reinício das conquistas de grandes linhas na região.
Desde então a Face Norte do Baú vem recebendo novas conquistas, primeiras ascensões e algumas repetições, principalmente pelos escaladores Bito Meyer e Karina Filgueiras.

SEU MADRUGA E OS CHAVES
Esta linha faz uma homenagem ao falecido ator mexicano que interpretou de maneira brilhante o personagem Seu Madruga por diversos anos e o personificou por inúmeros segmentos e grupos sociais. Com fama de durão e encrenqueiro, tentava ditar as regras na vila do Chaves, assim como ocorre em diversos outros locais.
Esta nova escalada da Face Norte do Baú, foi uma linha visualizada pelo Bito Meyer a qual tive a oportunidade de participar em sua conquista e foi feita em 2 investidas ao todo.
A via sai do Plato MSP (Movimento dos Sem Paredes) a direita da via Bito Meyer, possui 4 cordadas totalizando em torno de 120 mts de rocha distribuídas da seguinte maneira
Na 1° Investida tive o privilégio de guiar as 2 °s cordadas com o Bito na segurança, enfiadas lindas, naturais, expostas e inteligentes, elas dão uma mostra do tempero da linha.

Eu conquistando a 1 cordada da via, vista lateral e vista de baixo

Linda Cordada, grau de dificuldade de V e com grau de exposição E3, sai do platô e logo protege em um grampo "P", após um pequeno balé com a sapatilha, acessa-se um pequeno diedro a esquerda do "P" onde se pode proteger com uma nut a prova de bombas. Segue por esse pseudo diedro, onde é possível proteger um pouco mais acima com um TCU meio raso ou uma nut; após esta proteção simbólica, segue a linha natural das agarras, tendendo para a esquerda até dominar o positivo no lance mais exposto da cordada, mas bem tranqüilo IV sup.
Após o esticão, protege no 2° "P" da cordada, onde segue tendendo novamente para a esquerda até alcançar um grande batente, por onde se segue até alcançar o 3° "P" da cordada, no conhecido esticão prof. Girafales em lances de agarras sólidas e rocha aderente. Após proteger nesta ultima proteção a linha irá tender para a direita sentido a concha que se forma na parede, protege-se antes de chegar na base em um friend médio e após 30 mts de cordada, chega-se a P1, com dois grampos "P"s na parada.
2° cordada:
Mesmo grau de dificuldade da primeira e de exposição, sai da parada em lances de agarras (IV sup) até o primeiro grampo da cordada, desse grampo segue-se a linha natural de agarras para a esquerda no sentido de um pequeno negativo alaranjado, em baixo desse negativo pode-se proteger muito bem, com friends médios grandes, o qual irá te proteger para virar o negativo (IV sup), após este lance, segue a linha de agarras e balcões até chegar a um buraco que lembra muito bem um olho, onde se protege muito bem com outro friend médio. Segue a linha natural de agarras novamente, até chegar a um pequeno platô, onde existem inúmeras possibilidades de colocação móvel, após alguns lances irá chegar a 2° proteção fixa da cordada a qual protege um lance vertical de agarras (V), novamente um pequeno balé para esquerda e depois para a direita e chega-sena P2 após 35 mts, uma confortável parada com direito a porta trecos e tudo mais.
Nesta investida, no feriado do 1° de maio, o Bito estava terminando uma conquista junto com a Karina a esquerda do teto da Cães, a via Suave Desespero, eles estavam bivacados nos ledges.
Resolvi entrar na via em solitário me auto assegurando para conquistar o restante da rota, bivaquei sozinho no MSP e após uma longa noite de estrelas, muito bem acompanhando por um destilado de Uva, acordei bem cedo e com a cidade de São Bento ainda coberta pela neblina matinal, toquei para cima na cordada seguinte.
3° cordada:
Bem interessante e diversificada, sai da base em lances de regletes e placa, no lance apelidado de lance da bruxa do 71, protegidos por uma seqüência de 3 chapeletas (VI), seguindo em direção ao teto com uma fissura horizontal, ou mais precisamente a um enorme bico, onde tem uns capins que lembram o cabelo da velha chata que atormentava o Chaves e a sua Turma, na virada do tetinho e que possui uma fissura a sua direita. Protege-se muito bem com friends pequenos na base do tetinho e na fissura ao lado e faz um lance aéreo e bonito (V°sup) para virar o pequeno tetinho e alcançar o positivo. Após alcançar o positivo, segue tendendo para a esquerda em sentido do teto triangular na tua esquerda, passa por uma fissura horizontal a qual protege com um friend médio e domina o platô que está a P-4, após 35 mts de cordada.
4° cordada:
Aérea, estética, bonita, com certeza uma das cordadas mais belas em livres da região. Esta cordada trata-se de um presente completando a via da melhor maneira possível.
Esta bem protegida para possíveis vôos, esta localizada em uma aresta a direita da Bito e do teto triangular do Bau com 8 proteções fixas trata-se de um final apoteótico para a escalada, com lances esportivos e atléticos possui o grau sugerido de 7°c, sendo possível roubar em alguns lances mas com passagens em livre obrigatórias, tornando necessário mandar alguns lances chaves e complexos.
Assim sendo deixamos mais uma contribuição para a escalada da região, uma via diversificada, completa e aguardando novas repetições.







Os Cavaleiros da Tavola Redonda

Certo dia estavamos conversando eu e o Bito a respeito de valores, principios, etica, moral que norteia o nosso estilo de vida e serve como mola propulsora para tomadas de decisões, foi quando em uma bela metafora, o Bito nos comparou com a Tavola Redonda.
Os Cavaleiros da Távola Redonda foram os homens premiados com a mais alta ordem da Cavalaria, na corte do Rei Artur, no Ciclo Arturiano. A Távola Redonda, ao redor da qual eles se reuniam, foi criada com este formato para que não tivesse cabeceira, representando a igualdade de todos os seus membros.
Assim como toda confraria, o encontro de pessoas e reunioes, assim como, a união de diferentes pensamentos, ideias e vontades acabam sendo complexos e as vezes lentos; já que em muitos casos, pessoas que se autodenominam pertencentes a um determinado segmento não fazem por merecer e não são efetivamente comprometidas com os ideais que deveriam seguir.
Desde cedo, tanto Arthur quando Merlin perceberam que a jornada para atingir uma meta – a unificação da Bretanha – não seria nada fácil se Arthur não atraísse para si poderosos aliados. Não pessoas influentes, mas gente. Pessoas dispostas a fazê-lo. Para realizar não bastava apenas querer, é necessário fazer.Dessa maneira a construção e a reforma de um sistema é algo natural, o qual a dinâmica das mudanças fazem parte de todo o fluxo energético que rege o planeta. Assim sendo pessoas que se autodenominam os “melhores” e vivem de atos e atitudes do passado, por mais influentes que já foram não são necessariamente as pessoas escolhidas para a construção de uma nova ordem e, sim, pessoas que estejam dispostas a fazer e agir em pró de um pensamento comum e igualitário."Nada acontece em torno de você se não houver sua permissão de alguma forma, ainda que inconsciente."
O discurso de mal necessário não é valido nessa situação de mudanças, já que apenas nos alinhamos e somos coniventes com uma situação que de certo modo nos simpatizamos e o fato de aceitarmos o errado em detrimento do que, em tese, defendemos não se justifica."Cuidado com o que você fala. Mais importante que ouvir o que os outros dizem, é ouvir primeiro a sua voz."Quando determinamos novos projetos, novas metas é comum comentarmos isso com alguém mais íntimo, com naturalidade. Todavia, conforme o tempo passa, muitas vezes somos obrigados a mudar nossos planos e mudar um pouco de curso, mas não de objetivo. Para alguém não ciente, dá-se a impressão que você não está indo a lugar nenhum.
O mundo presta atenção no que você diz. Desse modo é necessário possuirmos clareza nas nossas historias, princípios e ética, apenas assim poderemos construir uma nova ordem.
Espero que as mudanças que estão ocorrendo no Montanhismo Paulista e Brasileiro venha a suprir essa demanda e o atual vazio existente, assim sendo o atual movimento está aberto a pessoas que queiram compartilhar, crescer e aprender continuamente a essência do montanhismo, que durante a década de 90 apresentou uma escassez de valores e princípios, focando na idéia de ser um esporte de força, com a única intenção: de apertar pedra e resina.
Precisamos estar sempre abertos a enxergar a vida de forma diferente.